Uso de Telas e Desenvolvimento Cerebral

uso de telas e desenvolvimento cerebral

Autor: Dr Fernando Tonelli

Católico. Pai. Médico psiquiatra, graduado em Vitória pela Universidade Federal do Espírito Santo, pós-graduação pela PUC-Rio. Presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES). Atualmente clinica em Vitória ES, onde presta atendimento psiquiátrico a crianças, adolescentes, adultos e famílias. É também engenheiro eletricista, técnico agrícola e músico.

12/03/2020

Uso de Telas e Desenvolvimento Cerebral

Em dezembro de 2018 o NIH – National Institute of Health dos EUA (órgão equivalente ao nosso Ministério da Saúde), publicou uma prévia de um estudo desenhado para demonstrar os efeitos do uso de telas (celular, ipad, computador e tv) no desenvolvimento do cérebro de crianças, adolescentes e adultos. Foi um estudo multicêntrico, conduzido ao longo de dez anos, acompanhando 11. 000 pessoas, em 21 cidades, ao custo de 300 milhões de dólares.

Alguns pontos do estudo merecem destaque especial. Vejamos:

  1. O uso constante de telas provoca atrofia do córtex cerebral, com possível diminuição da receptividade de informações sensoriais (visão, audição, tato, olfato, paladar), pois acabam menos estimulados durante o uso de telas do que em outras atividades.
  2. Há sinais de aumento importante da velocidade da maturação cerebral relacionado ao uso de tela, ou seja, ocorre aceleração do processo de envelhecimento cerebral, o que pode levar ao desenvolvimento de quadro demencial precoce.
  3. Durante o uso de mídias sociais, há evidências do aumento exagerado da liberação de dopamina, que é um neurotransmissor relacionado ao vício. Ou seja, há evidências (que deverão ser melhor estudadas) de que pode viciar quimicamente, como uma droga.
  4. Diminui o desempenho em testes de linguagem e matemática.
  5. Crianças que aprendem a empilhar blocos e jogar em 2d (por exemplo, usando o aplicativo Minecraft), ao contrário do que se pensava, não conseguem transferir estas habilidades para montar blocos em 3d. Ou seja, a habilidade serve apenas especificamente para o computador, não para a vida real.
  6. Existe uma correlação que deverá ser melhor estudada (para saber se é uma relação de causa e consequência ou não) entre automutilação em meninas adolescentes e uso de redes sociais.
  7. Adolescentes que usam redes sociais durante menos de 30 minutos ao dia apresentam muito menos sintomas depressivos e auto destrutivos do que os adolescentes que usam redes sociais por um tempo superior a este.
  8. Até mais estudos serem apresentados, a recomendação geral é que as pessoas tentem usar aplicativos que limitem o uso de telas pelas crianças e mesmo pelos próprios adultos.

Você quer saber se seu filho é viciado em celular? Leia o artigo “Dependência de Celular“.

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