Dependência de Celular

ilustração de dependência de celular

Autor: Dr Fernando Tonelli

Católico. Pai. Médico psiquiatra, graduado em Vitória pela Universidade Federal do Espírito Santo, pós-graduação pela PUC-Rio. Presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES). Atualmente clinica em Vitória ES, onde presta atendimento psiquiátrico a crianças, adolescentes, adultos e famílias. É também engenheiro eletricista, técnico agrícola e músico.

28/02/2020

Dependência de Celular

Podemos dizer que a dependência de celular se transformou numa doença dos nossos tempos?

De certa forma sim. O que nós observamos é que, com os avanços tecnológicos ocorridos de forma muito veloz desde a segunda metade do século XX, o fascínio do ser humano por tais novidades levou a mudanças de hábitos e costumes também de uma forma muito rápida. Algumas pessoas são mais vulneráveis e não conseguem controlar seus impulsos. Isso pode levar a exageros de tal ordem que passam a ter prejudicados outros aspectos importantes de suas vidas, inclusive causando sérios transtornos em seus relacionamentos, nos estudos e trabalho. Mas, não dizemos que a dependência de celular trata-se de uma doença, mas sim um Transtorno do Controle dos Impulsos.

E, como saber se meu filho é dependente de celular ou de videogame?

Um psiquiatra americano, Young, propôs uma série de critérios para ajudar a definir se o indivíduo sofre de “DEPENDÊNCIA DA INTERNET”. Assim, podemos usar esses mesmos critérios, que modifiquei colocando na forma de perguntas:

  1. Seu filho demonstra preocupação excessiva com a internet, por exemplo, ele fica muito ansioso para verificar suas redes sociais e a primeira coisa que faz ao chegar em casa é conectar-se na internet ou começar a jogar o videogame?
  2. Ele está sempre aumentando o tempo que passa conectado para obter a mesma satisfação?
  3. Apresenta dificuldade quando é necessário diminuir o tempo de uso do celular?
  4. Está apresentando sinais de irritabilidade ou sintomas depressivos?
  5. Se você restringe o tempo dele usar o celular, ele reage com mudança do estado de humor?
  6. Se você combina com ele um tempo que poderá ficar conectado, ele não obedece e fica mais tempo do que foi estabelecido?
  7. Seus estudos e seus relacionamentos estão sendo prejudicados pelo uso excessivo do celular?
  8. Ele mente com freqüência sobre a quantidade de tempo que passa conectado?

Se a resposta a 3 ou mais destas perguntas for SIM, provavelmente ele está dependente e, o ideal é que se procure um profissional em Saúde Mental (Psiquiatra ou Psicólogo) para dar o diagnóstico e ajudar a superar o problema.

Ficando constatada a dependência, há tratamento?

Sim, há tratamento, mas não um modelo padrão. Cada caso deverá ser bem avaliado pelo profissional e, de uma maneira geral, se o indivíduo apresenta algum outro transtorno psiquiátrico em co-ocorrência, como o Transtorno Depressivo Maior ou Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Déficit de Atenção/ Hiperatividade, deve-se tratar com medicamentos prescritos pelo psiquiatra e associa-se a psicoterapia que visa a moderação do hábito por meio da substituição e variação de atividades de lazer, bem como o treino de habilidades sociais. Se adequadamente tratado, o prognóstico é bom, com recuperação do desempenho escolar, readequação da vida social e do convívio familiar.

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