Os estudos no tratamento da depressão, comparando a prescrição guiada por testes farmacogenéticos ao tratamento usual, mostram resultados conflitantes, mostrando uma diferença inexistente, pequena ou não persistente. Alguns estudos conseguiram evidenciar um índice de remissão maior num curto intervalo de tempo (8 a 12 semanas), mas essa diferença não foi mais notada após 24 semanas.
O que são Testes Farmacogenéticos
O teste farmacogenômico ou teste farmacogenético é um teste genético que analisa o impacto dos genes na resposta individual a medicações. Isso é feito através da análise de genes que afetam o metabolismo de diferentes medicações. O resultado do teste classifica o paciente como metabolizador pobre, normal, intermediário ou rápido. Além de orientar a melhor medicação para determinado paciente, o teste determina a probabilidade de efeitos colaterais graves da medicação, além de orientar a escolha da dose.
A tecnologia farmacogenômica é um campo em desenvolvimento, apresentando amplo potencial de aplicações.
Limitações dos Testes Farmacogenéticos
Um teste farmacogenético não é capaz de avaliar a resposta a diversas medicações, sendo necessária a realização de um painel farmacogenômico que avalia múltiplos genes, para estimar a resposta a diferentes fármacos. Além disso, apenas um limitado número de medicações possuem testagem disponível.
Dificuldades no Tratamento Medicamentoso da Depressão
A via tradicional para encontrar a medicação mais adequada para cada caso se baseia, geralmente, em testes terapêuticos com medicações disponíveis, prolongando o tempo para atingir a remissão da doença. Diversas medicações são consideradas de primeira linha, com taxas de resposta semelhantes, porém variáveis em cada indivíduo. Apenas 50% dos pacientes atingem resposta clínica significativa com seu primeiro tratamento medicamentoso, sendo a taxa de remissão dos sintomas ainda menor. Uma abordagem alternativa no tratamento da depressão que vem ganhando apoio é a medicina personalizada, com a escolha da medicação baseada em testes farmacogenômicos.
Aplicação dos Testes Farmacogenéticos no Tratamento da Depressão
Os estudos no tratamento da depressão, comparando a prescrição guiada por testes farmacogenéticos ao tratamento usual, mostram resultados conflitantes, mostrando uma diferença inexistente, pequena ou não persistente. Alguns estudos conseguiram evidenciar um índice de remissão maior num curto intervalo de tempo (8 a 12 semanas), mas essa diferença não foi mais notada após 24 semanas.
Atualmente o uso disseminado e rotineiro dos testes farmacogenômicos para guiar o tratamento da depressão não é recomendado. É bom frisar que a presença de uma interação gene-fármaco em um teste, não garante a relevância clínica e a integração do painel farmacogenômico para guiar a prescrição pode não resultar em diferenças significativas nos resultados clínicos do tratamento.
Os testes farmacogenéticos permanecem como uma ferramenta promissora, devendo estudos futuros debruçarem-se, em particular, em casos resistentes ao tratamento e polimedicados.
Estratégias para Contornar as Dificuldades Terapêuticas no Tratamento da Depressão
Para contornar essas limitações no atual estado da arte do tratamento para o Transtorno Depressivo Maior, o mais adequado é o uso, pelo médico, do conhecimento em: funções dos neurotransmissores, mecanismos de ação dos psicofármacos, avaliação de possíveis déficits nutricionais (por exemplo, hipovitaminose B9 e hipovitaminose D), comorbidades orgânicas (por exemplo, hipotireoidismo, anemia, neurastenia), sedentarismo, disbiose intestinal, avaliação criteriosa de efeitos adversos de medicamentos (inclusive medicamentos não psiquiátricos). Aliando seu conhecimento técnico a uma anamnese (história clínica) detalhada, o médico aumenta muito a sua taxa de acertos, podendo, na maioria dos casos, até mesmo ser mais eficiente nas escolhas do que os testes farmacogenéticos, em seu estado atual de desenvolvimento.
Saiba mais sobre o Dr Fernando Avelar Tonelli, psiquiatra em Vitória – ES.
Links externos:
0 comentários