Microbiota Intestinal e Transtornos do Humor

ilustração sobre microbiota intestinal e transtornos do humor

Autor: Dr Fernando Tonelli

Católico. Pai. Médico psiquiatra, graduado em Vitória pela Universidade Federal do Espírito Santo, pós-graduação pela PUC-Rio. Presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES). Atualmente clinica em Vitória ES, onde presta atendimento psiquiátrico a crianças, adolescentes, adultos e famílias. É também engenheiro eletricista, técnico agrícola e músico.

05/03/2020

Microbiota Intestinal e Transtornos do Humor

 

Os resultados desses estudos são promissores e nos fazem acreditar que, com o desenvolvimento de mais pesquisas sobre o eixo microbioma – intestino – cérebro, tratamentos mais simples para os transtornos do humor e da ansiedade, focando na microbiota intestinal, poderão estar disponíveis em pouco tempo.

 

É fato indubitável que uma refeição apetitosa é capaz de melhorar o nosso humor e que o contrário também pode ocorrer. Quem nunca ficou feliz quando participa de uma refeição com pratos deliciosos ou, ao contrário, tenha ficado decepcionado quando tem o desprazer de comer uma comida intragável? Há tempos as Neurociências, caminhando junto com a Endocrinologia, têm descoberto quão fundamental é a qualidade da microbiota intestinal para nosso estado de humor. Já é fato conhecido que os intestinos são grandes produtores de Serotonina e sabemos o papel importante que esse neurotransmissor desempenha para execução das funções psíquicas.

Em 07 de março de 2017, a importante revista científica Nature publicou em seu site online, Scientific Reports uma pesquisa desenvolvida na Universidade da Virgínia – EUA que demonstra a relação entre alterações da microbiota intestinal e comportamentos de desesperança induzidos pelo estresse. Este estudo, realizado com camundongos, mostra um mecanismo específico, ligado ao metabolismo de uma substância diretamente ligada ao desenvolvimento de quadros depressivos, a quinurenina, cujos metabólitos ativos sabidamente levam à depressão. Ou seja, demonstraram haver uma relação entre a saúde do microbioma intestinal e o equilíbrio das funções mentais.

Outros estudos pré-clínicos avaliaram como a reposição de algumas cepas de Lactobacilos poderiam interferir positivamente para melhora de sintomas depressivos em seres humanos. Algumas cepas de bactérias, como os Lactobacillus reuteri, realmente parecem interferir normalizando o metabolismo da quinurenina e, assim, promovem melhora tanto em sintomas depressivos como na ansiedade. Outras cepas, como a dos Lactobacillus rhamnosus, JB1, têm mecanismo de ação baseado na comunicação do nervo vago, já não produzem resultado positivo na redução dos sintomas depressivos nem na ansiedade. Os resultados desses estudos são promissores e nos fazem acreditar que, com o desenvolvimento de mais pesquisas sobre o eixo microbioma – intestino – cérebro, tratamentos mais simples para os transtornos do humor e da ansiedade, focando na microbiota intestinal, poderão estar disponíveis em pouco tempo no arsenal terapêutico do psiquiatra.

Enquanto isso, podemos adotar o hábito regular de ingerir alimentos prebióticos e probióticos, através de uma alimentação rica em verduras, frutas e alimentos fermentados ( como iogurtes, de preferência naturais e feitos em casa, kefir, chucrute entre outros), além de evitar a ingestão de comidas altamente processadas e restringir o consumo de carboidratos, especialmente os refinados, que, sabidamente, levam ao desenvolvimento de uma microbiota intestinal pró-inflamatória.

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